Na segunda-feira logo cedo, um homem chegou, abriu a porta com a chave e saiu, minutos depois, com uma mala. Quando percebeu que estava sendo gravado, correu. Às 9h, uma funcionária saiu de dentro da pousada e começou a arrumar as mesas, mas, quando viu a câmera, entrou sem falar nada.
De acordo com Maria de Biase, da Diretoria de Controle Urbano (Dircon), o local não tem alvará para funcionar como pousada, apenas como bar e restaurante. "Já foi feita notificação e uma intimação para que o responsável pelo empreendimento compareça à regional para regularizar a situação", explica ela. Os funcionários da do Recife disseram que o proprietário foi notificado. Se ele não fechar imediatamente a pousada, quem vai fazer isso são os fiscais da Dircon.
E foi o que aconteceu no final da tarde. Os técnicos da Dircon voltaram e decidiram interditar o local. Ainda de acordo com Maria de Biase, "o proprietário já havia sido notificado a respeito da irregularidade e não tomou as providências necessárias". Segundo ela, em virtude de estar funcionando de forma contrária ao que está na licença, o estabelecimento pode perder também a licença para funcionar como bar e restaurante.
Prostituição não é crime no Brasil. Uma pessoa não pode ser presa por estar se prostituindo em um local público. O que existe é um outro crime chamado de rufianismo, que diz respeito à exploração sexual. Se uma pousada, bar ou restaurante cobra mais do cliente por causa da presença de prostitutas, o proprietário pode ser condenado de 1 a 4 anos de prisão. “A gente vai solicitar as imagens e vamos instaurar um inquérito através da circunscrição de Boa Viagem para apurar os fatos”, afirma Osvaldo Morais, diretor geral de operações da Polícia Civil.
Na reportagem do Fantástico, o produtor comprou um pacote, veio ao Recife e tomou um táxi até o local. O motorista confirmou que se tratava de um ambiente de prostituição. Na Bamboo, 12 dos 15 quartos estavam ocupados e, no bar do térreo, uma garota de programa disse de onde eram os principais turistas: “tem muito alemão, americano, italiano...”, afirmou, sem se identificar. Ela e as colegas confirmaram se tratar de um ponto de prostituição.
Apenas uma porta de vidro separa o bar dos quartos. Os turistas recebem uma chave e podem levar as prostitutas para os apartamentos sem passar pela recepção – a movimentação é grande o dia inteiro. O gerente da pousada, Hans Herman , conhecido como Bigode, diz que é alemão e vive no Brasil há 15 anos. Junto com o dono do local, o austríaco Alfred Hartner, Herman responde a um processo na Justiça. Eles são acusados de matar o engenheiro Alisson Pereira, 37 anos, em fevereiro de 2008 – o corpo foi encontrado na pousada. À reportagem, Herman insistiu que o local era só um barzinho e não quis gravar entrevista.
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