Dizem por aí que de gênio e louco todo mundo tem um pouco. A máxima pode estar certa – pelo menos quanto à segunda parte: um estudo conduzido pela Organização Mundial de Saúde
indicou que pelo menos um terço da população mundial apresenta algum
tipo de transtorno mental. O motivo pode ser o amplo leque de loucuras:
desde 1952, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais
(ou DSM, como é conhecido na sigla em inglês, a bíblia dos psiquiatras e
psicanalistas) aumentou de 106 para 365 o número de transtornos
mentais. Cientistas revêem este número para repensar os critérios
que classificam alguém como maluco – é um debate que ainda vai render
muito, e deixa em aberto a definição de normalidade. Enquanto não se
chega a uma conclusão, conheça 9 transtornos mentais com sintomas bizarros:
1. Síndrome de Cotard
Como um morto muito louco
Não é preciso presenciar um apocalipse zumbi ou assistir The Walking Dead para
trombar com “mortos-vivos” por aí. Os afetados pela rara Síndrome de
Cotard acreditam já terem passado dessa para uma melhor. O transtorno mental, também conhecido como Síndrome do Cadáver Ambulante, faz com que a pessoa acredite estar morta,
em processo de decomposição ou que simplesmente não existe. A condição
foi descrita pela primeira vez pelo neurologista Jules Cotard, em 1880.
2. Síndrome de Capgras
No ~bonde das impostora~
Você já sentiu que não conhece mais aquele velho amigo? Não viu nada. Quem
sofre com a Síndrome de Capgras apresenta a crença ilusória de que
algum conhecido próximo – como familiares, amigos ou cônjuges – foi
substituído por um impostor idêntico. Acredita-se que este
transtorno mental, primeiro identificado pelo psiquiatra francês Joseph
Capgras em 1923, tenha a mesma origem do Delírio de Cotard. Ambos
parecem resultar da desconexão entre as áreas do cérebro que reconhecem
faces e regiões que associam emoções a esta identificação. O
desligamento provoca o sentimento que a face avistada não pertence à
pessoa correta.
3. Megalomania / Narcisismo
Espelho, espelho meu
Alexandre, o Grande, era provavelmente um pouco menor do que
imaginava. Acredita-se que após expandir os territórios de seu reino – o
que depois lhe rendeu o título de um dos maiores conquistadores de
todos os tempos -, o poder começou a lhe subir à cabeça. O rei da
Macedônia passou a apresentar sinais de megalomania, transtorno caracterizado por ilusões de enorme poder, relevância, onipotência e autoestima exagerada.
Hoje “megalomania” não se encontra no Manual Diagnóstico e Estatístico
de Transtornos Mentais – o termo é considerado um sinônimo “informal”
para o Transtorno de Personalidade Narcisista. Quem
sofre deste transtorno catalogado apresenta preocupação obsessiva com a
maneira como os outros o veem e com aspectos que influenciam sua imagem,
como poder, prestígio e aparência.
4. Cleptomania
Winona forever
A atriz Winona Ryder entrou para os trending topics das mesas de bar e
sites de fofoca quando foi presa depois de roubar mais de 5 mil dólares
em roupas em 2001. Na época, muito se falou da tal cleptomania – transtorno caracterizado pela incapacidade de resistir ao impulso de roubar objetos.
Não foi só uma desculpa inventada para justificar a atitude da atriz:
cleptomaníacos sentem prazer em levar sem pagar itens que não tem valor
monetário, ou que não vão servir para uso pessoal. Apesar do barato
imediato, depois vem a ressaca moral: a pessoa geralmente se sente
culpada e deprimida a respeito do roubo.
5. Hipocondria
Esse inchaço, o que será? O coração está batendo normalmente? E essa
tosse? Você com certeza conhece alguém que tem mania de doença. A
hipocondria é caracterizada pelo medo crônico de ter alguma doença
séria – um temor geralmente causado pela má interpretação de funções
normais do corpo. A insegurança e preocupação desmedida com a
saúde são intensas – e aí, já viu, tudo vira um sintoma de uma doença
terminal. Para os hipocondríacos não adianta nem mesmo ouvir de um
médico ou fazer exames que comprovem que está tudo bem – a expectativa
pelo pior permanece.
6. Síndrome de Munchausen
Enquanto os hipocondríacos veem doença onde não tem, quem sofre da Síndrome de Munchausen cria doenças que não existem. Para despertar empatia e receber tratamento e cuidados médicos, quem sofre deste transtorno simula ou causa sintomas. Em uma variação do transtorno,
mais rara, o alvo é um terceiro – o agressor induz ou simula uma
enfermidade na vítima e, em seguida, apresenta o doente para o
atendimento médico, negando qualquer conhecimento sobre o problema real.
7. Mutismo seletivo
A principal característica desta condição é a inabilidade de conversar em situações sociais específicas
– o ambiente escolar, apresentações em público ou até mesmo o simples
fato de estar na frente de garotas, por exemplo. Este é o caso do
desajustado Rajesh Koothrappali. O personagem do seriado The Big Bang Theory
sabe bem o que é sofrer de mutismo seletivo: apesar de se comunicar
normalmente, o transtorno impede que o cientista indiano converse com
mulheres que não fazem parte de sua família – e só consegue controlar a
ansiedade depois de uns ~bons drink~. Apesar de ainda não haver consenso
quanto às causas do transtorno, há estudos que indicam que relações
conflituosas entre filhos e pais pode desencadear a situação ainda na
infância.
8. Tricotilomania
Estar arrancando os cabelos da cabeça não é só uma expressão para quem enfrenta a tricotilomania. O transtorno faz com que arrancar fios se torne uma compulsão, o que acaba levando à perda significativa de cabelo.
Enquanto para os tricotilomaníacos puxar o cabelo é algo prazeroso,
resistir ao hábito pode provocar grande tensão. Além de poder estar
associado à tricofagia (ingestão de fios de cabelo), quem sofre do
transtorno também pode apresentar quadros de ansiedade, mudanças de
humor e transtornos obsessivos-compulsivos (TOC).
9. Piromania
“Sou eu, bola de fogo”
Piromania, que deriva do grego pyr, fogo, define bem o distúrbio de controle do impulso: quem sofre deste transtorno não consegue conter a vontade de provocar incêndios.
Os piromaníacos sentem fascínio pelas chamas e atear fogo ou
testemunhar suas consequências é motivo de prazer, gratificação e
alívio. A análise de casos clínicos indica que quem sofre com o transtorno comumente tem histórico de dependência alcoólica ou abusos.
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