Quase um roteiro de um filme. É isso que poderia acontecer com Carlos da Cruz Sampaio Júnior. O carioca que sonhou entrar para o Exército ainda quando criança, e na juventude tentou entrar para a academia militar, mas não acabou obtendo êxito. Só que Carlos resolveu ingressar de outra forma, e se fez passar por coronel e conseguindo enganar a Polícia Militar, a Polícia Civil e a Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro.
“Eu acho que uma série de fatores de natureza pessoal me levaram a não chegar na academia militar. Tentei. Mas acabou que ficou esquecido", contou o entrevistado com exclusividade para o "Fantástico". Carlos Sampaio conta como conseguiu chegar a ocupar o cargo de coordenador da subsecretaria de Planejamento e Integração Operacional da Secretaria de Segurança do Rio sem nunca ter cursado a academia militar por um único dia e nem mesmo ter concluído o bacharelado em direito, sua segunda opção profissional.
Após permanecer no cargo por três meses, o falso coronel foi finalmente descoberto pelo secretário José Mariano Beltrame e acabou sendo preso em outubro de 2010.
O início da falsa carreira
Depois de largar a faculdade de direito, Carlos da Cruz Sampaio Júnior se tornou funcionário do Zoológico do Rio, na área administrativa. Foi ali que o homem que iria virar coronel sem nem ser do Exército teve o primeiro contato profissional com a organização de um esquema de segurança. “Eu refiz o plano de segurança do zoológico, criei uma série de barreiras. Eu questionava tanto a eficiência da empresa de segurança, que quando pedi a exoneração do zoológico por motivos pessoais fui convidado a participar de empresa de segurança em 98”, conta.
Depois de largar a faculdade de direito, Carlos da Cruz Sampaio Júnior se tornou funcionário do Zoológico do Rio, na área administrativa. Foi ali que o homem que iria virar coronel sem nem ser do Exército teve o primeiro contato profissional com a organização de um esquema de segurança. “Eu refiz o plano de segurança do zoológico, criei uma série de barreiras. Eu questionava tanto a eficiência da empresa de segurança, que quando pedi a exoneração do zoológico por motivos pessoais fui convidado a participar de empresa de segurança em 98”, conta.
Carlos Sampaio ainda trabalhou com esportes de aventura, limpeza predial, até conseguir um emprego na Secretaria de Segurança. Era um trabalho administrativo, como assessor do subsecretario. Mas ele queria mais.
Aficionado pelo tema, estudou livros sobre segurança e manuais de policias de diversos países, inclusive manuais russos, idioma que ele diz ter aprendido na internet. Depois de três anos, elaborou seu próprio projeto para melhorar o patrulhamento nas ruas. “Eu desenvolvi um sistema de controle de indicadores criminais e aplicação operacional destes indicadores", diz o falso militar. "Apresentei esse projeto e absolutamente ninguém se interessou por ele”, lembra.
“Existe um termo pejorativo que se chama PI, pé inchado, é aquele cidadão que não é policial civil, nem militar. Constantemente fui chamado de PI. De certa forma ofende, claro que ofende”, contou. Com a troca de governo, ele deixou a secretaria, mas não a idéia de implantar seu sistema de segurança.
Três anos depois, em 2009, voltou à ativa, agora diretamente na organização do patrulhamento das ruas. Sob a falsa patente de major, Sampaio apresentou seu projeto ao 6º BPM (Tijuca), responsável pelo policiamento em vários bairros da Zona Norte do Rio. Depois de três meses, ele decidiu "se promover" e trocou major por tenente-coronel. “Quando você passa a ser tenente coronel e apresenta o seu trabalho, nossa, todo mundo diz amém e funciona”, brinca.
Aficionado pelo tema, estudou livros sobre segurança e manuais de policias de diversos países, inclusive manuais russos, idioma que ele diz ter aprendido na internet. Depois de três anos, elaborou seu próprio projeto para melhorar o patrulhamento nas ruas. “Eu desenvolvi um sistema de controle de indicadores criminais e aplicação operacional destes indicadores", diz o falso militar. "Apresentei esse projeto e absolutamente ninguém se interessou por ele”, lembra.
“Existe um termo pejorativo que se chama PI, pé inchado, é aquele cidadão que não é policial civil, nem militar. Constantemente fui chamado de PI. De certa forma ofende, claro que ofende”, contou. Com a troca de governo, ele deixou a secretaria, mas não a idéia de implantar seu sistema de segurança.
Três anos depois, em 2009, voltou à ativa, agora diretamente na organização do patrulhamento das ruas. Sob a falsa patente de major, Sampaio apresentou seu projeto ao 6º BPM (Tijuca), responsável pelo policiamento em vários bairros da Zona Norte do Rio. Depois de três meses, ele decidiu "se promover" e trocou major por tenente-coronel. “Quando você passa a ser tenente coronel e apresenta o seu trabalho, nossa, todo mundo diz amém e funciona”, brinca.
A ascensão
Daí em diante, a carreira deslanchou. O falso coronel implantou seu projeto em outros três batalhões e começou a ser requisitado para palestras. Ele planejava o policiamento, redistribuía carros da polícia pelos bairros e treinava agentes. Chegou a comandar, armado, operações nas ruas.
A popularidade de Sampaio cresceu tanto que ele foi convidado a trabalhar na Secretaria de Segurança. O militar que nunca existiu apresentava um currículo que incluía curso na academia das Agulhas Negras, comando de um batalhão de fronteira, na Amazônia, e até a guarda presidencial. Tudo mentira.
Na carteira do Exército, Carlos Sampaio tinha uma foto com farda de gala. “Não falsifiquei. Criei. É diferente, porque você falsificar é pegar qualquer documentação e transformar os dados, eu simplesmente editei a carteira toda no Photoshop. Então, eu criei. Não é uma falsificação? isso aí depende do seu ponto de vista”, diz.
Depois que Sampaio foi preso, a polícia analisou o documento. Encontrou dez erros grosseiros, como a data de validade, até 2031. Em um documento do Exército ela seria indeterminada. Quem assina a carteira é um capitão, o que não aconteceria na identidade de um coronel. E até o próprio posto, tenente-coronel está escrito errado, sem hífen. Mesmo com erros tão básicos ninguém na secretaria percebeu a falsificação.
O falso coronel conta que não teve que apresentar nenhum documento ao ser contratado. “Eu já tinha uma série de documentações apresentadas na secretaria de Segurança. Da primeira vez que eu tinha estado lá. Você tem um cadastro lá. Eu já tinha tudo lá, minha carteira, CPF, PIS, tinha tudo lá”, explica.
A nomeação para o cargo de coordenador da subsecretaria de Planejamento e Integração Operacional foi assinada no dia 12 de julho de 2010 pelo secretário de segurança, José Mariano Beltrame. Instalado no centro do comando, Sampaio recebia informações dos batalhões, tinha reuniões com coronéis e fiscalizava operações nas ruas.
Em agosto de 2010, chegou a participar de uma operação para prender traficantes que tinham invadido um hotel em São Conrado, na Zona Sul do Rio. Sampaio acompanhou a negociação para que os bandidos se entregassem e libertassem os reféns. De colete, ele estava dentro da área de isolamento, na porta do hotel.
A queda
Em nota, a secretaria de Segurança afirma que Sampaio ficou três meses empregado e que o serviço de inteligência precisou desse tempo para reunir provas suficientes contra ele. No dia 7 de outubro, Beltrame procurou o Exército e descobriu que Carlos Sampaio nunca tinha sido militar. Na semana seguinte, o falso coronel foi preso na sala que ocupava na secretaria. Ele passou dois meses na prisão e agora responde a processos de falsa identidade e porte ilegal de arma de uso restrito. Ele pode pegar até seis anos de prisão.
Sampaio só lamenta que o seu projeto de policiamento não é mais seguido nos batalhões. E resume como conseguiu passar tanto tempo enganando as pessoas. “Eu acho que as pessoas acreditam na forma como você se coloca e o que você coloca. Se você chegar pra mim e falar que é o presidente da República, souber se colocar como presidente e se portar como tal e tiver representatividade e ter resultado como tal, eu acredito. Eu podia me passar por presidente, você não”, brinca.
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