segunda-feira, 16 de maio de 2011

DUPLAS SERTANEJAS QUE CHEGARAM AO FIM


Cantar ao lado de um parceiro, viajando pelo Brasil afora, muitas vezes longe de casa por vários dias, pode causar um stress no relacionamento entre os integrantes de uma dupla, após um tempo. Como no casamento, geralmente são duas pessoas com ideias diferentes, e nem sempre os planos e objetivos coincidem. Se não existir muita conversa e concessão de ambas as partes, a coisa pode tomar rumos inesperados.
A recente polêmica envolvendo a separação de Hugo Pena & Gabriel reacende a discussão: qual o motivo da separação de uma dupla que parecia ir tão bem? Talvez seja uma resposta que só eles e o empresário possam dar. Afinal, quase ninguém sabe o que acontece nos bastidores de uma carreira, até que as coisas comecem a ganhar visibilidade na mídia, após algum “desastre” de percurso. No caso da dupla, a ausência de Hugo Pena em alguns compromissos assumidos foi o estopim da crise declarada. O empresário (segundo nota oficial) e os fãs _ em sua maioria _ já elegeram o cantor como vilão da história.
Em dezembro de 2010, uma dupla com mais tempo de estrada também chegou ao fim: Rick & Renner. Depois de mais de 20 anos de um “casamento” quase que perfeito, emplacando vários sucessos,  a união chegou ao fim, e cada um tomou o seu rumo. Rick, primeira voz da ex-dupla, compositor e produtor _  agora Rick Sollo _ já faz shows pelo Brasil e parece bastante maduro para a carreira solo. Renner também prepara seu primeiro álbum. A verdade é que boatos já antecipavam a separação, muito antes da oficialização da mesma.
Separação não é coisa incomum na música sertaneja. Pelo contrário, acontece até com certa freqüência. E voltas também acontecem. Nomes de peso, no gênero, já passaram por essa situação. Milionário & José Rico, uma das duplas mais importantes do segmento, romperam a parceria em 1991, passando cerca de três anos separados. Antes de voltarem, em 1994, José Rico gravou dois álbuns, e Milionário lançou um, junto a Mathias, outro sertanejo que havia recentemente saído da _ também famosa _ dupla Matogrosso & Mathias.
Aliás, Matogrosso & Mathias é um caso diferente a ser citado. Foram duas separações envolvendo os cantores. Após a separação definitiva, o cantor Isaac Jr., sobrinho de Matogrosso, passou a ser o novo Mathias. Mas a união também não foi permanente. Atualmente, Matogrosso canta com o “terceiro” Mathias: Rafael Belchior.
Mudar o parceiro, e manter o nome da dupla, é bastante comum, afinal o nome traz a marca do produto. Teodoro, da dupla com Sampaio, sabe bem disso. E ele é protagonista de mais um caso raro no meio. Detentor dos direitos sobre a marca “Teodoro & Sampaio”,  em 1996 Teodoro troca de parceiro: sai Gentil Aparecido da Silva, o “Sampaio” original, e entra Alcino Alves  de Freitas em seu lugar. Alcino já era compositor de grandes sucessos da dupla e produtor de vários trabalhos anteriores. O curioso é que no primeiro álbum após a troca _ “O Gavião”, não aparece a foto da dupla na capa. Em 2009, após treze anos, Gentil volta a ser Sampaio.
Alguns mudam o parceiro, e o nome e estilo da dupla continua muito parecido com o original. Quando João Mineiro & Marciano, sucesso absoluto nos anos 80, romperam, em 1993, o primeiro formou a dupla com Mariano, cujo nome e a voz que lembram o ex-parceiro. Marciano abraçou a carreira solo.
Chrystian & Ralf, irmãos de sangue,  tidos por muitos como as vozes mais afinadas da música sertaneja, depois de verem a “relação” desgastada, também passaram dois anos afastados, seguindo carreiras solo. Outros irmãos que provaram o gostinho de uma separação, são Guto & Nando. No caso deles, também houve final feliz. Depois de alguns meses separados, reencontraram o caminho e estão juntos e felizes.
Outros irmãos não tiveram desfecho semelhante, apesar dos apelos do público para uma possível volta. Edson & Hudson, que tiveram até turnê de despedida durante o anos 2009, tomaram rumos diferentes. Edson continua na música sertaneja, cantando sozinho. Hudson mudou de foco, dando prioridade ao seu lado roqueiro, mas sem deixar o sertanejo de lado. Hoje ele produz um trabalho com Donizetti e produz o novo álbum de Léo Canhoto & Robertinho, veteranos da música sertaneja e ícones dos anos 70, que também passaram  uma época separados na década seguinte.
Outros nomes de vital importância para a história da música sertaneja também tiveram rompimentos e voltas. “Os Parada Dura”, antigo “Trio Parada Dura”, passou por diversas formações ao longo dos anos. Tião Carreiro & Pardinho, que alcançaram o auge das carreiras juntos, também cantaram em outras duplas, durante as constantes separações vividas. Tião Carreiro gravou com Paraíso (da dupla Mococa & Paraíso), Praiano e Carreirinho.  Já Pardinho cantou ao lado de Pardal e Zé Carreiro.
Das idas e vindas de qualquer dupla, o tempo separado muitas vezes interrompe uma trajetória de sucesso, e na maioria das vezes, é difícil reverter o tempo perdido. Mesmo nos finais felizes, onde há um retorno, nem sempre a situação encontrada, em termos de mercado , é a mesma.
A separação sempre é uma decisão difícil de ser tomada, mas deve ser respeitada pelos fãs. Afinal, como no casamento, pode-se descobrir no caminho  uma “incompatibilidade de gênios” e o famoso “até que a morte os separe” fica só na promessa.

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