Uma estudante de curso técnico de enfermagem, de 27 anos, é a mais recente vítima de meningite meningocócica do tipo C em Salvador. A jovem morreu domingo (25), no apartamento onde morava sozinha no condomínio Arvoredo, no bairro Tancredo Neves.
O corpo dela só foi encontrado na segunda-feira (26), dia em que a família chegou à capital, após viajar da cidade de Iraquara, onde mora, sentindo falta do contato com a jovem. O pai precisou arrombar a porta de casa, quando avistou a filha já morta. Ela é a 41ª vítima da doença na Bahia. "Quando eu cheguei, vi tanta gente chorando e me disseram que ela estava morta", conta a vizinha Mara Assunção. A família não quis comentar o ocorrido.
Quarenta pessoas moram no bloco 19, o mesmo da vítima, em um condomínio residencial formado por 75 blocos e 720 apartamentos. Vizinhos relatam que tentaram conseguir medicamentos no posto de saúde do bairro para evitar risco de disseminação da doença, mas o procedimento preventivo chamado de profilaxia ainda não foi realizado.
"Há dez anos tivemos aqui uma criança com a doença, mas na época não abalou tanto porque a Vigilância Sanitária veio e tratou. Agora todo mundo está preocupado, porque a secretaria diz que não há necessidade de tratamento", conta a estudante Barbara Arize.
A trabalhadora autônoma Jamile Oliveira comenta que foi ao posto de saúde, junto com vizinhos, e que os profissionais descartaram a aplicação de remédios para moradores que não mantiveram contato próximo com a vítima. "A enfermeira disse que ela estava morta e que por isso não passava. Disse que só poderia transmitir através de secreção, beijo, relação mais íntima", diz.
Jamile conta ainda que a vítima tinha se vacinado contra a meningite no período da última campanha. "Eu mesma levei ela, vi tomando a vacina". Segundo ela, a enfermeira explicou que, como a vítima tomava remédios tarja preta, o efeito da imunização pode ter sido suspensa.
O estado soma 71 mortes por meningite de vários tipos em 2011, sendo que 41 delas foram decorrentes do tipo C, considerada a mais grave variação da doença. Crianças de até dois anos podem se vacinar de graça em qualquer posto de saúde. A partir dessa idade, é preciso recorrer às clínicas particulares, que cobram em média R$ 70 pela dose.
Surto em Sauípe
A última morte por meningite C no estado ocorreu na quarta-feira (21). A vítima foi um funcionário de Costa do Sauípe, complexo turístico no Litoral Norte, que estava internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Couto Maia, em Salvador. Ele foi o quarto trabalhador do complexo a morrer por conta do surto que teve início no período em que estava sendo realizado um grande evento de música, o "Sauípe Folia". Não foi registrado casos entre foliões.
Outro trabalhador de Costa do Sauípe permanece em observação no hospital, portador de meningite do tipo C. A Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) informou que o estado clínico do paciente é estável. Dois pacientes já receberam alta.
Morte de criança
Uma criança de nove anos morreu na terça-feira (20) também vítima de meningite C. A Sesab não soube informar quando a menina deu entrada no Hospital Eládio Lasserre, em Salvador, mas disse que seu estado de saúde já era considerado grave. Segundo a Secretaria, não houve indícios de relação entre a morte da garota e o surto que atingiu o complexo hoteleiro.
Sintomas
A meningite é transmitida por gotículas da saliva e por contato humano. Por isso, é preciso redobrar o cuidado nas estações frias, quando as pessoas ficam mais tempo em ambientes fechados.
Segundo a Anvisa, os sintomas da doença são febre alta abrupta, dor de cabeça intensa e contínua, vômitos em jato, náuseas, rigidez no músculo da nuca, ombro e costas, falta de apetite, dores musculares e agitação física e mental, além de manchas vermelhas na pele. Crianças com menos de um ano podem sentir moleira tensa ou elevada, irritabilidade, inquietação com choro agudo, rigidez corporal com ou sem convulsões.
Nenhum comentário:
Postar um comentário