Cinco dias sem comer ou beber água ao lado de um cadáver. Assim a portadora de necessidades especiais Eva Guia dos Santos, de 21 anos, foi encontrada na manhã de ontem em uma casa simples no Setor Bairro Cardoso 2, em Aparecida de Goiânia. O corpo da mãe, a aposentada Carmelita Benedita da Graça, de 64 anos, estava em avançado estágio de decomposição na cozinha e o mau cheiro chamou a atenção de um pedreiro contratado para a reforma de um banheiro na casa.
Uma das vizinhas, a dona de casa Maria Cláudia Bernardes, 47, conta que o pedreiro chamou no portão e decidiu entrar na casa assim que sentiu o forte mau cheiro. Quando viu o corpo da mulher no chão da cozinha, ele pediu socorro à Polícia Militar. O subtenente Paulo César da Silva, da Polícia Militar, conta que foi um dos primeiros a chegar ao local e que a jovem estava em um dos quartos. “Ela estava bastante debilitada e precisou ser socorrida por uma equipe do Samu.”
A causa da morte de Carmelita só será confirmada na manhã de hoje, depois de laudo de autópsia. A filha mais velha da aposentada, a manicure Maria Aparecida Queiroz, 37 anos, conta que a mãe sofria com a pressão alta e diabetes. Mas que até a última vez que esteve com a mãe não a ouviu queixar de nada. Apesar de não falar muito, Eva contou a uma das vizinhas, a dona de casa Lívia da Silva, 32 anos, que a mãe teria reclamado de uma dor no peito antes da morte.
Vida reclusa
Maria Cláudia conta que o silêncio na casa só era quebrado pelos gritos de Eva, que mesmo assim eram muito raros. “Na noite de sexta, ouvi uns gritos da menina. Mas não desconfiei de nada, porque sabia dos problemas de Eva”, explicou. Cláudia acredita que a aposentada tenha morrido na madrugada de sábado. “Uma moradora da nossa rua disse tê-la visto na noite de sexta em um supermercado. E depois desse dia ninguém a viu mais no setor.”
Lívia conta que Carmelita era muito reclusa e que evitava contato com outros vizinhos. “A casa dela era repleta de cadeados e ela mal dizia ‘oi’ para os vizinhos. Quando alguém a chamava no portão, ela abria uma janela e perguntava se você estava procurando alguma coisa para roubar dentro do lote dela.”
Maria Aparecida disse que levará a irmã para a casa onde vive com duas filhas no Setor Village Santa Rita, em Goiânia. “Só iremos nos separar se Deus assim quiser”, revelou ela, na tarde de ontem. A manicure contou ter visto a irmã e a mãe pela última vez no ano passado. “Cheguei a vir aqui este ano, mas ela não me atendeu.” Aparecida conta que diversas vezes era obrigada a voltar sem ver a irmã porque a mãe não abria a porta.
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