Instantes após vencer o Miss Universo na noite desta segunda-feira (12), em São Paulo, a angolana Leila Lopes, de 25 anos, passou a receber ofensas racistas na internet pelo fato de ser negra. Mensagens em português e em inglês postadas num site internacional que se define nacionalista branco e possui adeptos do ditador nazista Adolf Hitler compararam a ganhadora do título de mais bela do mundo a uma "macaca". A brasileira Priscila Machado, 25 anos, que ficou em terceiro lugar, também sofreu insultos, sendo chamada de "crocodilo".
A miss Ucrânia Olesia Stefa, 21 anos, segunda colocada no concurso, foi "garfada" na opinião de alguns dos participantes dos fóruns de discussão "Miss Universo 2011" e “Angolan negress crowned Miss Universe” (Angolana negra coroada Miss Universo, numa tradução livre do inglês para o português) do Stormfront (frente de tempestade).
“Angolana? Depois falam que não é resultado arranjado, é pura cota, podia por uma macaca para competir que ganharia também, foi totalmente aleatório mas tinha que ser uma das pretinhas, pela mor... Alguém assistiu essa porcaria? Serio?”, escreve um integrante da comunidade brasileira do site a respeito de Leila receber a coroa e a faixa. O autor do texto acima utiliza o símbolo da suástica nazista abaixo de um pseudônimo.
Outro membro escreveu em inglês “monkey in a dress? absolutely revolting” (macaco em um vestido? absolutamente revoltante) abaixo da foto de Leila.
A miss Ucrânia Olesia Stefa, 21 anos, segunda colocada no concurso, foi "garfada" na opinião de alguns dos participantes dos fóruns de discussão "Miss Universo 2011" e “Angolan negress crowned Miss Universe” (Angolana negra coroada Miss Universo, numa tradução livre do inglês para o português) do Stormfront (frente de tempestade).
“Angolana? Depois falam que não é resultado arranjado, é pura cota, podia por uma macaca para competir que ganharia também, foi totalmente aleatório mas tinha que ser uma das pretinhas, pela mor... Alguém assistiu essa porcaria? Serio?”, escreve um integrante da comunidade brasileira do site a respeito de Leila receber a coroa e a faixa. O autor do texto acima utiliza o símbolo da suástica nazista abaixo de um pseudônimo.
Outro membro escreveu em inglês “monkey in a dress? absolutely revolting” (macaco em um vestido? absolutamente revoltante) abaixo da foto de Leila.
O Stormfront já é investigado pela Polícia Civil de São Paulo por suspeita de ligações com grupos neonazistas que promovem ataques a negros, judeus, nordestinos e imigrantes no estado. De acordo com investigadores, os responsáveis pelas mensagens usam apelidos por medo. Caso sejam identificados, podem responder por crime de injúria racial. Mas para isso, é necessário que as vítimas prestem queixa numa delegacia.
Caso sejam considerados culpados, os donos dos comentários podem ser condenados a penas de reclusão de 1 a 3 anos. Como a punição é de menor potencial ofensivo, ela pode ser convertida em pagamentos de cestas básicas ou prestações de serviços comunitários
'filha do King Kong'“Confesso que nem assisti, pois já imaginava o que viria a acontecer. Agora só falta Hollywood chamar a vencedora para fazer o papel da filha do King Kong”, afirma outro integrante na página do Stormfront sobre a nova miss universo. Este diz morar em Santa Catarina.
Outro membro se mostra revoltado ao afirmar que a escolha de uma negra, na opinião dele, é uma ofensa às europeias. “Sabia que ia dar preta... como um Miss Universo no Brasil não escolheria uma preta? E olha que cara horrível, cabelo repulsivo, como conseguem escolher uma coisa dessas? Eu me indigno, não com os jurados, que são comprados para promover tais afrontas a cultura europeia, mas sim com as ovelhas que assistem isso e acham normal”, diz um participante que afirma morar no Rio Grande do Sul.
Caso sejam considerados culpados, os donos dos comentários podem ser condenados a penas de reclusão de 1 a 3 anos. Como a punição é de menor potencial ofensivo, ela pode ser convertida em pagamentos de cestas básicas ou prestações de serviços comunitários
'filha do King Kong'“Confesso que nem assisti, pois já imaginava o que viria a acontecer. Agora só falta Hollywood chamar a vencedora para fazer o papel da filha do King Kong”, afirma outro integrante na página do Stormfront sobre a nova miss universo. Este diz morar em Santa Catarina.
Outro membro se mostra revoltado ao afirmar que a escolha de uma negra, na opinião dele, é uma ofensa às europeias. “Sabia que ia dar preta... como um Miss Universo no Brasil não escolheria uma preta? E olha que cara horrível, cabelo repulsivo, como conseguem escolher uma coisa dessas? Eu me indigno, não com os jurados, que são comprados para promover tais afrontas a cultura europeia, mas sim com as ovelhas que assistem isso e acham normal”, diz um participante que afirma morar no Rio Grande do Sul.
Sobre a brasileira Priscila Machado, um membro diz que ele se parece com um réptil. “Vou secar a brasileira e angolana. Mulambenta dos infernos. A brasileira parece um crocodilo sorrindo, e a angolana um poste de luz. HORRENDAS”
Outro stormfronter, como os membros do site se referem um a outro, alega que as mensagens postadas no site não são ofensivas e não incitam o preconceito. “Até porque não estamos pregando a intolerância/ódio, apenas nos divertindo com a situação. Sabíamos que ia acabar em várzea...”, diz um participante.
ReincidenteAlguns membros demonstrando que não sofrerão punição alguma fazem piada a respeito dos posts racistas e como eles seriam abordados pela imprensa. Essa não é a primeira vez que o Stormfront causa polêmica.
Na semana passada, o site, que usa a web para reunir grupos de intolerância, xingou as candidatas negras ao Miss Universo com palavras racistas. Oitenta e nove representantes de diferentes nacionalidades, ascendências e misturas raciais disputaram o título.
Também houve insultos às europeias, colocando em xeque o "grau de pureza" racial das garotas, levando-se em conta a opção religiosa delas. Havia outros questionamentos se elas são realmente brancas pelo fato de algumas não terem olhos azuis e cabelos loiros. Procurada, a assessoria de imprensa da organização do concurso não quis comentar o assunto na semana passada.
O G1 não conseguiu localizar a miss universo Leila Lopes nem as misses do Brasil e da Ucrânia para comentarem o assunto.
Em entrevista coletiva à imprensa, realizada na madrugada desta terça-feira (13), Leila chegou a ser questionada sobre o preconceito racial. Em sua resposta, a miss universo, que não foi indagada a respeito das mensagens ofensivas que sofreu no site Stormfront, afirmou: “acho que pessoas preconceituosas é que precisam procurar ajuda, porque não é normal, em pleno século 21, alguém ainda pensar dessa forma”.
O G1 não conseguiu localizar a miss universo Leila Lopes nem as misses do Brasil e da Ucrânia para comentarem o assunto.
Em entrevista coletiva à imprensa, realizada na madrugada desta terça-feira (13), Leila chegou a ser questionada sobre o preconceito racial. Em sua resposta, a miss universo, que não foi indagada a respeito das mensagens ofensivas que sofreu no site Stormfront, afirmou: “acho que pessoas preconceituosas é que precisam procurar ajuda, porque não é normal, em pleno século 21, alguém ainda pensar dessa forma”.
Procurados pela equipe de reportagem, os organizadores do Miss Universo afirmaram que não iriam falar sobre os novos ataques racistas, dessa vez, contra Leila.
Em julho, a brasileira Silvia Novais, de 24 anos, eleita Miss Itália no Mundo 2011, já tinha sido vítima de racismo dos mesmos ‘nacionalistas’ do site contrários à escolha dela pelo fato de a modelo ser negra. O G1 publicou reportagens sobre o caso. Ela havia vencido o concurso na Europa como a mais bela descendente de italianos. Seu bisavô materno nasceu em Florença. Num dos insultos, ela foi xingada em inglês de "negra nojenta". Procurada, a miss lamentou as ofensas, mas não registrou queixa na polícia.
InvestigaçãoO Stormfront e seus membros são investigados há alguns anos pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), por suspeita de ser uma comunidade neonazista que recruta brasileiros. O grupo foi criado na internet nos Estados Unidos no início dos anos 1990 e arregimentou muitos paulistas. Segundo a polícia, para difundir a manutenção e expansão da raça branca, seus integrantes combinam ataques a negros, judeus, homossexuais, nordestinos e imigrantes ilegais.
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